Ao término de mais um de nossos treinamentos, no momento onde solicito aos participantes que comentem sobre o que podem destacar do período de 16 horas que passamos juntos, fui surpreendido pelo seguinte depoimento:
“Para mim, o treinamento foi excelente! Hoje em dia estamos todos doentes e trabalhamos em organizações doentes. Ter a oportunidade de participar de um treinamento onde somos convidados a refletir sobre nossos comportamentos e emoções e mostrar para nós como utilizar ferramentas para evoluir a um patamar de mais resultado com menos stress, não tem preço. O que estou sentindo nesse momento é gratidão!”
Em primeiro lugar, fiquei muito feliz por ter sido o responsável pela condução do treinamento que recebeu esse belo reconhecimento. No momento seguinte, comecei a refletir sobre a afirmação “estamos todos doentes (…) em organizações doentes”.
Infelizmente, essa afirmação não é apenas uma constatação isolada de uma integrante de um treinamento, dentro de uma grande organização. Temos dados cada vez mais alarmantes que confirmam o fato de que estamos cada vez mais doentes dentro das organizações.
Problemas psicológicos já são a terceira maior causa de afastamento do trabalho. Depressão, ansiedade e perturbações ocasionadas por substâncias psicoativas são as três principais ocorrências.
Além desses dados, que podem ser facilmente obtidos junto ao INSS, algo que não é possível incluir nas estatísticas, mas sabemos que ocorre em larga escala, principalmente nas grandes cidades, é a presença de dor física sem ter uma causa diretamente relacionada – ou seja, estamos somatizando nossos medos, receios e inseguranças, transferindo nossas preocupações diárias para problemas reais em nosso corpo.
Existem muitas variáveis que podem explicar o aumento desses índices, e é importante conhecer as causas para que possamos buscar soluções para os problemas.
A principal dificuldade surge porque decidimos, como sociedade, seguir um caminho que não tem mais volta. Neste caminho, a regra é fazer mais com menos (mais resultados com menos recursos, maior receita com menor custo, maior produtividade com menor utilização de mão de obra, e assim vai). O que eu quero dizer com isso é que a lógica do mercado vai continuar sendo essa, os gatilhos para os problemas psicológicos continuarão existindo e provavelmente, se potencializando.
E o que podemos fazer frente a esse cenário, aparentemente, catastrófico?
A resposta até que é simples, mas o difícil é colocá-la em prática – e é esta dificuldade que faz com que a quantidade de pessoas com depressão e ansiedade só aumente.
Em primeiro lugar, é preciso respirar. Sair da correria diária e tirar um momento em que o foco não está nas atividades, mas em nós mesmo;
Segundo passo: esteja mais presente e atento ao que está acontecendo no momento;
Na sequência, observe como seu comportamento é afetado pelos eventos que acontecem no ambiente em que você se encontra. Perceba como uma fechada no trânsito altera seu comportamento, ou como um empurrão no transporte público pode afetar seu humor;
Para encerrar, observe sua resposta a esse estímulo externo e faça as seguintes perguntas:
Minha resposta foi a mais adequada?
Estou contente com a resposta que normalmente dou para essa situação?
É possível dar uma resposta mais apropriada para que eu me sinta bem e provoque um efeito positivo no ambiente em que estou no momento?
Esse é um pequeno exercício para trazer um pouco mais de presença e atenção para o aqui e agora, e um início de desenvolvimento de sua Inteligência Emocional.
Não é a solução de todos os males, mas é o início de sua conscientização de que o poder de transformação está em suas mãos.
Assim como a integrante de meu treinamento, espero que você possa sentir gratidão! Gratidão pela sua própria decisão em tomar para si a caneta que escreve em folhas brancas a sua própria história!
Até breve!
Denis Pincinato