Reclamações sobre o trabalho, irritação nas horas de lazer, descontentamento com os outros, conflitos insignificantes nas relações, frustração com o que tem e desejo pelo que não tem. A mesma insatisfação que gera desconforto e estimula as mudanças também gera estresse, irritação e um estado de quase permanente descontentamento.
Será que a vida e tudo que conquistamos está tão mal assim? O problema está na situação vivenciada ou está no observador? Se você refletiu sobre o último post, com a frase de Satyananda, deve ter feito estas perguntas a si mesmo.
Pode ser que o problema realmente esteja no objeto ou na situação vivenciada, mas, antes de chegar a esta conclusão, é melhor calibrar a nossa capacidade de observação e análise sobre os acontecimentos que nos cercam.
As conclusões são frutos da percepção que temos acerca dos fatos. Geralmente, selecionamos alguns dados dentro de um universo de informações disponíveis e interpretamos estes dados de acordo com nossos paradigmas para formar nossas conclusões.
Será que estamos sendo justos na escolha dos dados disponíveis? Toda situação tem aspectos positivos e negativos. Como temos a tendência de selecionar o que queremos ver, influenciamos a qualidade da experiência ao focar em um ou outro aspecto. Por exemplo, em uma negociação, as pessoas tendem a focar no ponto de discórdia e se esquecem que existem vários objetivos em comum ou complementares, dificultando assim o relacionamento e aumentando o grau de estresse.
Será que nossos paradigmas estão atualizados? Além da distorção na escolha dos dados, estamos sujeitos a fazer uma análise equivocada por usar um modelo mental ultrapassado. A paisagem pode estar linda, mas as lentes sujas do óculos ou com graus errados distorcem a paisagem e confundem nossa capacidade de observação. Temos modelos mentais que nos ajudam no processo de tomada de decisão e atuação mas, quando estão desatualizados, eles podem gerar uma conclusão equivocada que gera frustração e descontentamento.
Outro fator que afeta a qualidade da experiência é o nosso grau de flexibilidade para aceitar resultados diferentes do esperado. Neste caso, é fundamental distinguir expectativas de exigências. Ter expectativas, realistas e desafiadoras, estimula a ação e gera satisfação ao aceitar o que foi alcançado. Já as exigências estimulam o foco no que não deu certo, inibindo a valorização dos resultados obtidos ou das oportunidades que poderiam ter sido aproveitadas.
Na maioria das vezes, a qualidade das nossas experiências está muito mais associada com a forma como percebemos e analisamos a situação do que com o evento em si. Portanto, para ampliar nosso grau de satisfação, é importante avaliar como estamos nos sentindo no momento, como estamos sendo afetados e reagimos aos estímulos do ambiente, com que modelo mental estamos avaliando a experiência, com que nível de tolerância estamos avaliando os resultados e quais informações estou considerando para formar minha opinião.