No post anterior, falamos sobre a busca de equilíbrio para relaxar e restabelecer a energia necessária para o seu bom desempenho. Você deve ter se perguntado: como posso colocar mais atividades na minha vida se já não tenho tempo para fazer tudo que preciso fazer atualmente?
Com certeza esse é um dilema que atinge todos nós e que muitas vezes faz com que sigamos adiante, adiando os cuidados conosco mesmo, mesmo sabendo que precisamos mudar nossos hábitos.
Uma das causas dessa limitação é a cultura do “ou”, como se tudo na vida fosse excludente e nós deveríamos escolher entre ser feliz ou ter sucesso.
A boa notícia é que podemos aumentar o nosso nível de relaxamento através dos relacionamentos, seja no ambiente de trabalho, na família ou na sociedade.
O Professor Richard Boyatzis, da Case Western University, tem focado sua carreira no estudo dos relacionamentos e seus impactos em nosso organismo. Em uma de suas pesquisas, ele avalia como a prática da compaixão e empatia provoca efeitos positivos não apenas nos relacionamentos, mas também na saúde física e mental de quem atua desta maneira.
A tese, confirmada por meio de pesquisas utilizando tomografia computadorizada para analisar o funcionamento do cérebro diante de situações variadas, é de que podemos influenciar os mecanismos de reação e resposta das pessoas com as quais nos relacionamos. Uma abordagem rígida ou agressiva estimulará o Sistema Nervoso Simpático, responsável pela prontidão e pelos mecanismos de proteção, fuga ou luta, elevando o nível de estresse de todos os envolvidos. Já uma abordagem com compaixão estimulará o Sistema Nervoso Parassimpático e, consequentemente, acionará os mecanismos de relaxamento e recuperação, permitindo que as pessoas fiquem mais receptivas e criativas facilitando o relacionamento e diminuindo o nível de estresse.
Compaixão é a intenção sincera e desinteressada de querer ajudar o outro, de servir sem esperar por recompensas materiais ou emocionais. O foco está em dar o melhor de si para contribuir para o bem estar do outro. Como fazer isso em um ambiente competitivo que nos cobra resultados cada vez mais desafiadores e imediatos?
A proposta é eleger, entre os diversos relacionamentos do seu cotidiano, momentos para praticar a compaixão e a empatia. Por exemplo, você pode utilizar a compaixão em um processo de coaching para ajudar alguém a desenvolver suas competências. Ao invés de fazer um coaching processual (focado no que a empresa precisa desenvolver) ou corretivo (para desenvolver alguma competência detectada como uma falha da pessoa), foque sua atenção no que é importante para o outro e ajude-o a desenvolver aquilo que é bom para ele e que esteja em sintonia com a sua forma de ser e com os seus valores, seus sonhos e suas aspirações, o que elevará sua satisfação e, consequentemente, trará resultados.
Gostaria de compartilhar uma situação que presenciei nesta semana. Durante um treinamento, uma das participantes comentou que seu gestor havia sugerido que ela fosse mais dura em suas negociações para obter melhores resultados. Este é o caminho do coaching processual, voltado para atender aos interesses da empresa dentro do modelo de sucesso do gestor. Coaching com compaixão,por outro lado, seria entender como a pessoa funciona, no caso, uma profissional muito calma e gentil, e ajudá-la a desenvolver suas competências de influência tendo como base seus valores e forma de ser.
Segundo as pesquisas de Boyatzis, o ganho neste caso não seria apenas para quem recebe o coaching. Enquanto praticamos o coaching com compaixão, também estimulamos o nosso Sistema Nervoso Parassimpático, ativando o sistema imunológico, reduzindo a pressão arterial e trazendo um sentimento de esperança, otimismo e paz.
Acredito que podemos obter os mesmos resultados nas diversas situações do nosso cotidiano, seja durante um atendimento ao cliente, durante uma venda, na reunião com outros departamentos, na conversa com um amigo ou nas relações familiares.
Pratique sua empatia com quem necessita e quer ajuda.
No próximo post discutiremos como praticar o coaching com compaixão.
Post baseado no artigo “Developing sustainable leaders through coaching and compassion” escrito por Richard Boyatzis, Melvin Smith e Nancy Blaze da Case Western Reserve Univesity.