Muitas vezes culpamos o ambiente pelo nosso nível elevado de estresse e ansiedade, aceitamos estes males como consequências naturais e inevitáveis da vida moderna. Na esperança de que o ambiente mude e um dia seja menos demandante, seguimos com nossas dores e sofrimentos. Não sei se o ambiente mudará para melhor ou para pior, mas acredito que a cura não vem de fora e sim da forma como nos cuidamos e reagimos aos estímulos externos.
O corpo humano foi projetado para atuar de forma equilibrada, alternando entre os modos de prontidão para a ação e o de relaxamento e recuperação. Os sistemas nervosos simpático e parassimpático são estimulados em função da leitura que fazemos do ambiente. Se sentimos uma ameaça ou oportunidade, mobilizamos o Sistema Nervoso Simpático (SNS) para podermos atuar com rapidez e foco, num estilo de resposta caracterizado por lutar ou fugir. Na ausência de perigo ou desafios, o Sistema Nervoso Parassimpático entra em ação e libera os hormônios responsáveis por promover o relaxamento e recuperação dos órgãos mais afetados durante a situação de estresse.
Essa alternância harmônica e equilibrada é quebrada quando somos submetidos seguida e continuamente a situações desafiadoras como, por exemplo, manter o emprego, ter sucesso na carreira, participar de reuniões tensas, enfrentar o trânsito e a falta de segurança nas ruas, os conflitos familiares e a necessidade de ser aceito e ter sucesso. A sequência intensa e ininterrupta de estímulos mantém ativo o nosso mecanismo de prontidão e ação, sempre alerta e sem tempo de recuperação.
Como consequência disso, desgastamos nosso corpo e mente, aumentando a possibilidade de doenças, elevando o grau de ansiedade e irritação, sentindo mais cansaço, sendo menos criativo e mais reativo às mudanças. Ou seja, afetamos negativamente nosso desempenho, deterioramos nossas condições físicas e mentais e, muitas vezes, prejudicamos nossos relacionamentos.
Da mesma forma que um carro precisa parar para ser abastecido e ter manutenção periódica para continuar desempenhando bem, nós também precisamos de momentos de relaxamento e recuperação. Não espere que o ambiente seja mais gentil! Aprenda a estimular seus mecanismos de relaxamento e recuperação através de práticas que estejam em harmonia com a sua forma de ser e suas possibilidades. Por exemplo, faça exercícios de respiração consciente, pratique concentração e meditação, tenha um hobby, pratique esportes não competitivos, cuide de um animal ou cultive relacionamentos baseados na compaixão e empatia.
No próximo post, vamos refletir sobre como podemos estimular nosso mecanismo de relaxamento e recuperação através de relacionamentos com compaixão e empatia. Até semana que vem!
Post baseado no artigo “Developing sustainable leaders through coaching and compassion” escrito por Richard Boyatzis, Melvin Smith e Nancy Blaze da Case Western Reserve Univesity.
3 Comments
Sensacional!!! Parabéns pelo Post ….
Oi Eduardo!
Obrigado pelo feedback.
Um abraço
Carlos
Caro Carlos,
A análise é inteligente e consistente. As dicas de relaxamento e recuperação são tangíveis e necessárias.
Sucesso e aceite um forte abraço.
Namastê,
Marcos