Estou às margens do Lago Atitlan na Guatemala, um lugar paradisíaco e incrivelmente tranquilo. Mesmo estando completamente só, continuo a conversar com os personagens e situações criadas pela minha mente. Sinto-me como Santiago, o velho pescador de Hemingway, que tenta calar sua mente para estar focado em pescar seu peixe.
Durante três dias num bote em alto mar, ele sabe que seu maior desafio não é o peixe gigante ou as intempéries que tantas vezes enfrentou. Seu maior inimigo é sua mente, que pode distraí-lo e impedir que atinja seu objetivo. Mesmo estando no limite da sua capacidade física, Santiago acalma sua mente e supera as adversidades.
A sabedoria do velho pescador faz com que ele respeite seu adversário, escolha as lutas que valem a pena ser lutadas e aceite o que a vida lhe proporciona, sem frustração ou euforia. Apenas aproveita cada momento.
A mente ruidosa está sempre gerando expectativas ou revendo situações. É impressionante como gastamos energia e geramos estresse para nosso organismo, mesmo quando estamos parados. Tudo porque não conseguimos manter o silêncio interno e estamos sempre escutando ou discutindo com a nossa voz interna.
Enquanto pensamos nas situações, ativamos nossas glândulas e liberamos hormônios que afetam o organismo como se estivéssemos vivenciando a situação. Veja como seu organismo é alterado quando se recorda de uma discussão, os batimentos cardíacos são acelerados e a pressão sanguínea aumenta. É como se vivenciasse a situação novamente – de forma improdutiva, porque não pode alterá-la. Tanto esforço para nada!
Com tanto barulho, não escutamos nós mesmos e ficamos sem conhecer nossa essência. Seguimos atuando de acordo com velhos paradigmas e com respostas inconscientes que nos afastam de nosso caminho de felicidade.
Algumas dicas para acalmar sua mente e conquistar o silêncio interno:
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Dedique alguns minutos do seu dia para estar só. Escolha um lugar aconchegante e privado.
Sente-se em posição confortável. Feche os olhos e tome consciência do seu corpo. Sinta o contato do seu corpo com o chão, com as demais partes do corpo e com suas roupas.
Observe os ruídos ao seu redor, sem se fixar em nenhum deles, apenas observe e deixe-os passar. Depois de um tempo, concentre-se no ruído mais próximo de você. Em seguida, no mais distante.
Observe a sua respiração, sem alterá-la.
Observe seus pensamentos, sem julgá-los. Deixe que venham e que passem.
Em seguida, concentre-se num ponto entre as sobrancelhas e imagine uma caverna escura. Concentre sua atenção nesta caverna que fica cada vez mais escura.
Volte a observar seus pensamentos, observe sua respiração, ouça os ruídos do ambiente, sinta o seu corpo e abra lentamente os seus olhos.
Faça desta prática um hábito.
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O silêncio interno é restabelecedor e enriquecedor. Desfrute-o!
6 Comments
Perfeito, Carlos! Seria interessante recomendar a leitura deste texto para os participantes do curso na parte de controle emocional.
Bj
Gostei muito do texto. Nem sempre é possível ficar só, mas é possível calar a mente e se deixar fluir. Adoro isso, mas nem sempre consigo… Concordo com a Laura. Vou indicar seu post para minhas turmas de multiplicadores.
Parabéns. BeiJÔ
Carlos
Esta semana iniciei um curso introdutório à meditação. Sinto que quando a nossa mente anda muito agitada, precisamos de uma “ajudinha” externa para nos concentrarmos. Estou gostando!
De toda a forma, o que você coloca é super pertinente: fazemos melhores escolhas e conseguimos ir melhor na direção dos nossos objetivos quando conseguimos manter o verdadeiro contato com o nosso eu. Mas temos que dar o primeiro passo à frente. Beijo!
Gostei muito! Vou praticar o exercício e divulgar para amigos, e como disse a Laura para os participantes do curso. Bjs
Olá Carlos,
Adorei o texto e vou praticar o exercicio, veio ao encontro na minha necessidade nesse momento. Obrigada.
Gostei muito!! às vezes encontramos as principais perguntas ou respostas diante do silêncio.