Do seu primeiro choro até o seu último suspiro, você terá passado por milhares de negociações em sua vida. A qualidade destas interações terá grande impacto na sua felicidade.
Você aprendeu a negociar desde cedo. Logo percebeu que, quando tinha uma necessidade, era só procurar alguém que pudesse atendê-lo e estabelecer uma boa comunicação para ter os seus objetivos atendidos. Foi assim que você fazia para ser amamentado no meio da noite. Vale lembrar que sua mãe cedia aos seus argumentos persuasivos (choro) porque também tinha interesses a serem atendidos: dormir! Também devemos considerar que ambos tinham um interesse comum que era o seu crescimento saudável.
Simples: entenderam as necessidades, estabeleceram um bom canal de comunicação e criaram solução para satisfazer a ambos. Nesta situação cotidiana, no início de nossas vidas, éramos especialistas na arte de construir parcerias e fazer bons acordos.
Tudo bem, você cresceu, o ambiente ficou mais complexo, os novos parceiros são mais exigentes e as negociações são mais desafiadoras. Podemos arrumar boas desculpas para justificar a dificuldade de negociar e construir bons relacionamentos ou podemos identificar nossas dificuldades e desenvolver as competências para administrar conflitos e conduzir boas negociações.
Ao invés de tratar as negociações como uma competição na qual para um ganhar o outro tem que perder, procure agregar valor ao processo de forma que ambos possam ganhar juntos. Neste caso, construir uma relação baseada na confiança e compartilhar informações é fundamental para que ambos possam entender os interesses e limitações do outro. Faça perguntas para esclarecer as dúvidas e aprofundar seu conhecimento sobre a situação. Ofereça alternativas para que o outro possa exercer seu poder de escolha.
Não supervalorize a sua posição. Por natureza, temos a tendência a supervalorizar o que estamos oferecendo e menosprezar o que o outro tem a oferecer. Para evitar este deslize, coloque-se na posição do outro e avalie o valor que você daria ao que está sendo oferecido. Pense nas consequências de não fechar o acordo e o quanto você perderia com isso – isto lhe dará uma boa noção do valor.
Cuidado para não cair numa viagem do ego. A negociação não é um palco para você mostrar que é melhor do que o outro. Tenha humildade para reconhecer que a proposta do outro pode ser melhor que a sua. Mantenha o equilíbrio emocional e comporte-se de forma a deixar aberta a possibilidade para chegarem a um acordo.
Avalie o que realmente precisa como resultado desta negociação e o impacto em sua satisfação. A maioria das pessoas tendem a supervalorizar o quanto serão felizes ao chegar num acordo ou o quanto sofrerão se não o fizerem. Ficam prisioneiros do seu exagero. Antes da negociação, estabeleça os seus limites e procure alternativas para o caso de não conseguir um bom acordo.
Esteja aberto para ouvir as propostas e não se apegue demasiadamente às suas ideias. O planejamento deve servir como base e orientação, não como camisa de força que limita seus movimentos.
Não assuma que a outra parte está pensando somente nos benefícios dela ou que está tentando te enganar. Muitas pessoas estão dispostas a construir relacionamentos de longo prazo baseados no ganho mútuo.
Aproveite cada negociação como uma oportunidade para criar vínculos e confiança com os demais. Além dos resultados desejados, a negociação tem como objetivo a melhoria nos relacionamentos. Afinal, gente precisa de gente para ser feliz.